Segundo a edição
online do Público, a primeira "Geografia de Portugal" do século XXI, que é também a primeira grande obra portuguesa deste tipo, dá uma atenção central às mudanças na ocupação e utilização do território, contrastando com a perspectiva tradicional, que privilegiava a identificação dos quadros mais estáveis do que permanecia para além da mudança.
Foi Carlos Alberto Medeiros, catedrático de Geografia que dirigiu esta obra em quatro volumes (cujo último volume o Círculo de Leitores deverá lançar em Maio), quem sublinhou este aspecto numa conferência esta tarde na Academia de Ciências de Lisboa, subordinada ao tema "Geografia de Portugal: Das Tentativas Iniciais à Obra Colectiva de 2005-06".
E explicou que os autores se confrontaram com uma realidade diferente, e sobretudo com uma realidade em que a mutação é uma componente central, face ao que acontecia em obras anteriores deste tipo. Exemplificou com o alargamento a leste da União Europeia e com a intensificação das relações com os países europeus, "que podem desviar o país da sua tradicional relação com as margens atlânticas".
Outro aspecto que se pode considerar revolucionário no âmbito da geografia portuguesa é o facto de o Planeamento e Ordenamento do Território assumir grande importância no conjunto de temas desenvolvidos, ocupando todo o quarto volume, coordenado pelo catedrático Jorge Gaspar e por José Manuel Simões. Esta opção está ligada à "crescente presença dos geógrafos nos estudos de planeamento e ordenamento do território", explicou o director da obra.
Por outro lado, o estudo das águas oceânicas, no primeiro volume (O Ambiente Físico, coordenado pelo catedrático António de Brum Ferreira, especialista em geografia física) é "o aspecto mais original e inovador" do trabalho. "Os mares deixaram de constituir para os geógrafos a monótona mancha azul que se vê nos mapas", disse com humor Carlos Alberto Medeiros.